quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Orlando furioso e ladrão, caiu - é a hora e vez de Renato Rabelo...

Orlando furioso e ladrão, caiu - é a hora e vez de Renato Rabelo...

Orlando Silva, o ministro que só viemos a saber quem era justamente quando ele mostrou a que veio, acaba de cair. O resto agora é caso de polícia e justiça - algemas da Nike e uniforme listrado da Adidas, e por aí vai...

Mas, como se sabe, neste governo, os ministérios obedecem a cotas. Por isso, a cúpula do PCdoB já fala em indicar o Deputado Federal Aldo Rabelo para substituir o Orlando furioso e ladrão.

- Sai, dessa, Aldo. À parte ideologia e o partido bisonho a que pertence, tem feito um grande trabalho como parlamentar - e a redação e negociação em torno do novo Código Florestal está aí, para provar.

Uma solução: indique o ex-deputado federal e presidente do PCdoB, Renato Rabelo, para ocupar o lugar de Orlando Silva. Já que ele veio a público para defender e elogiar o outro, não se importará de assumir a missão de limpar toda a sujeira que ele deixou para trás.

E isto envolve a degola da cabeça de muita gente do PCdoB - pessoas finíssimas, éticas e compromissadas com a bandeira do socialismo e da juventude, iguaizinhas ao ex-ministro Orlando Silva, evidentemente!

Mas, sem crise: se há algo que comunista entende historicamente é de... expurgo.

Em 27.10.2011:

Sugestão de diversão: visitar o link abaixo, para ver como o PCdoB trata a questão da demissão de uma de suas figurinhas carimbadas...

http://www.vermelho.org.br/especial-ministerio/

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Coragem, presidente! Pense nas obrigações do cargo, esqueça o resto e demita o furioso chefe de quadrilha dos Esportes...

Coragem, presidente! Pense nas obrigações do cargo, esqueça o resto e demita o furioso chefe de quadrilha dos Esportes...


Orlando, pseudo-comunista* e ladrão furioso resiste - e não falta quem lhe estimule e diga que resita. Um ex-presidente da república, por exemplo. Sua quadrilha continua detendo os meios para bater a carteira de crianças e adolescentes - e a cidadania vai sendo borrada com as tintas impunidade.

Enquanto a presidente avalia o que fazer, medindo as consequências políticas da demissão do chefe de quadrilha que ocupa o Ministério dos Esportes, provas somem, ladrões se escafedem e, escroques se armam de subterfúgios.

Mas sendo quem é, a mandatária da nação não tem escolha, pelo menos dos pontos de vista moral e legal. Ou demite o ladrão que ocupa um ministério, ou ficará com a fama de ter um ministério que comporta ladrões.

Não existe meia moralização, a não ser que se admita que temos uma presidente meio moralista, pois alguém assim tem a outra metade da personalidade composta de valores imorais.

O remédio da demissão seguida de investigação parece amargo apenas para os que contemporizam com o assalto aos cofres públicos. Ou, à moralização do governo, prefere preservar quadros partidários, compostos de gente cuja história recente está pontuada por iniciativas ações deletérias contra as instituições políticas, ao governo e ao Erário. É o caso do ex-presidente da república, que está aí, assomprando das sombras ao vagabundo que está a bordo do Ministério do Esporte resista à demissão voluntária.**

Pelo menos no cargo de mandatária da nação, a presidente não tem escolha: ou demite Orlando Silva e manda invistigar tudo a fundo, ou é solidária com ele e com o que ele representa e, também passa a responder por tudo que ocorre na pasta dos Esportes.

Não, não existe meia moral, nem escolha ou eleição de quem se combate, na luta contra a corrupção. Não existe terreno para a iniciativa bisonha - e imoral - patrocinada pelo ex-presidente da república, de punir alguns e deixar uns outros à solta, a menos que queira passar a impressão de que, em vez de tomar uma iniciativa corajosa - a despeito de exigível e esperada, o caso foi de apagar o fogo, para proteger a si e a outros, que se encontram em situação parecida.

Alguém que se apresenta como meio moralista também pode ser metade imoral. E aí é que se complicam as coisas: é possível ser moralista pela metade? Alguém meio imoral pode invocar a qualidade de moralista?

Se a presidente diz que não aceita irregularidade, então o que deve considerar não são as implicações políticas do caso, mas o juramento e os deveres que tem. E agir, sem dúvida ou receio. E será saudada e respeitada por isto.

O contrário, será capitulação diante da imensa máquina de assalto aos recursos públicos estabelecidos no governo anterior e o cagaço e a confissão de impotência diante da figura do presidente da república que a precedeu.

E há um fato que a presidente da República não pode ignorar: que ainda está fresca na memória de muita gente que uma outra quadrila foi pilhada em ação dentro da pasta que comandava no governo passado, liderada por ninguém menos que sua amiga Erenice!

* vindo à televisão para utilizar a excrecência chamada "horário eleitoral gratuíto", o PCdoB o utilizou apenas para alegar impossível inocência, jurar fidelidade à luta por uma bandeira historicamente superada e desmentida, e, principalmente, defender seu ministro ladrão.

E para tanto, como faz há tempos, usou a imagem cândida de adolescentes - iguais aqueles de quem rouba o dinheiro, a título de estimular os esportes. Isto não pode ser menos que abusada ironia.

Tal iniciativa é um tapa na cara da juventude brasileira. Mas doi muito mais na face de quem precisa das iniciativas públicas de educação, esportes e inclusão social...

**No episódio em que estimulou (para não dizer que exigiu) o chefe de quadrilha dos Esportes a resistir - em nome da eliminação do risco da coisa se estender até o ministro precedente - que é da petezada do carvalho, se o ex-presidente petista não conspirou contra a república, conspirou contra o governo.

E merecia ser investigado por isto. Mas, se falta coragem para as autoridades enfrentarem um escroque igual a Orlando Silva, não imagino que apareçam autoridades de quaisquer dos poderes republicanos para chamá-lo na chincha e exigir que comporte com a dignidade e o decoro de quem já ocupou o cargo político mais importante do país...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Homem de Sorte - 04 Tankas


Homem de Sorte - 04 Tankas

um homem de sorte
de ele onde veio é mistério --
caiu num ministério

não rouba por necessidade
o que faz é por esporte

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- Em 19.10.2011:

hula, hula, hula
logo, logo, vai despencar
um ministro da mula

vão presumindo inocência
e o caso é de excrecência

- Em 20.10.2011:

Silva perde o cargo
por conta da patifaria --
virá consultoria?

e lá vem mais trelelê
do mangano do PCdoB
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Em 28.10.2011:

um novo nome
no Ministério dos Esportes –
e nada de faxina

aquela velha sujeira
é um negócio da China

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Crônica de 12 de Outubro (IX) – Steve Jobs (Resquiçat In Pace)

Crônica de 12 de Outubro (IX) – Steve Jobs (Resquiçat In Pace)


Continuam as manifestações sobre o passamento de Steve Jobs. E como era de se esperar, é bem mais que pesar. O homem era constantemente incensado. Se brincar, virar santo.

Jobs era um nerd, mas não tolerou os estudos da faculdade. E aí, resolveu se mandar para o oriente para ajustar a cabeça, do que decorre a intensa sugestão das notas e matérias publicadas na Internet de que ela teria se constituído numa espécie de iluminação da qual resultou o sucesso da Apple e seu sistema operacional, embarcados em unicamente em computadores da própria Apple.

Não é bem assim: a criação da revolucionária interface gráfica amigável, baseada no uso de ícones e janelas foi do especialista Jef Raskin, especialista no relacionamento homem-máquina,que, acabou levando uma rasteira de Jobs no fim (afastamento sumário e supressão de créditos intelectuais) do processo de criação do McIntosh. O que Jobs fez foi lançar no mercado o tal computador, que se converteu numa espécie de big bang a partir do qual se estabeleceu a mais incrível revolução tecnológica da humanidade – o que é, de qualquer forma, admirável.

Mas, claro, a Apple dos anos iniciais se tornou rapidamente um ícone pop. E a Apple da terceira fase tornou Jobs uma personalidade pop. Dizem que o homem inventou um monte de traquitanas revolucionárias. Menos: das supostas invenções citadas, só uma merece o status: o Ipod. O resto foi macaqueado de invenções precedentes – o Itunes não foi a primeira sacada comercial decorrente de simples desdobramento da prática da chamada pirataria virtual, o Iphone era um produto já previsível, e foi mais ou xerocado de aparelhos precedentes (Motorolla Moto King e LG KG 800, por exemplo). E o Ipad é mera evolução do Kindle (com adição de uma suíte de aplicativos saída do Iphone), da americana Amazon.

Onde estava a diferença dos produtos físicos e virtuais da empresa capitaneada por Steve ? Do seu apurado sendo de elegância e beleza – funcional e estética, que, ao par de sua mão de ferro administrativa, conseguia estabelecer para os seus produtos – verdadeiro estado de arte, que, por isto mesmo, eram recebidos com intensa admiração e festa no mundo fashion e que era replicada no mundo dos geeks, nerds e descolados.

Seu apurado sentido de elegância e sofisticação já podia ser percebido nas fotos de sua juventude – quando saboreava o sucesso do McIntosh, com o sistema operacional OS embarcado, onde pontuam a elegância no vestir, passando pela logomarca animada da PIXAR, entrando pela fantástica solução que encontrou para disfarçar a feiura dos tubos catódicos dos computadores pessoais no Imac, até o notável chassi e tela do celebrado Ipad.

Sempre gosto de me deter neste ponto: Jobs sempre apostou na informática e sempre imaginou a os milagres da informática acontecendo em suas traquitanas esteticamente privilegiadas e de uso individual e diferenciado. E, ao longo do tempo, transformou seus produtos de sucesso em fenômeno de mercado.

Além do mais, muito embora não fosse o foco inicial de seu objetivo de mercado, conseguiu, na última década, adaptar exemplarmente a produção da Apple às tendências, que indicavam o prodígio da comunicação via Internet acontecendo de forma multifacetada e mais ou menos liberta de equipamentos individuais.

Dos últimos produtos lançados, todavia, a despeito do culto e da lenda em torno, todos os produtos com a marca de revolucionários de sua empresa, somente o Iphone e o Ipad mantém a importância e impacto, em termos de mídia mercado.

A direção e a intuição do mundo da informação trabalha justamente no sentido da utilização a computação e da comunicação virtual independentemente da utilização ou manipulação de equipamentos individuais. Não se sabe exatamente como e quando vai acontecer. Mas, imagina-se que acontecerá em algum momento.

Neste sentido, gigantes como a Google vão embarcando em seu portfólio virtual até mesmo suítes de aplicativos similares ao Office, além de ter em caixa um volume espantoso de dinheiro e estabelecer uma senhora estrutura de recursos físicos e intelectuais para dar o pulo do gato na hora certa e (permitam o trocadilho) arrematar ou macaquear a solução encontrada, tal como fez Steve Jobs e Bill Gates, em relação ao sistema operacional de interface intuitiva da Sun Sistems.

O homem foi certamente um gênio criativo e empresarial que participou ativamente da revolução cultural mais intensa dos últimos tempos, representada pela popularização do uso da informática. E isto tinha há ver com sua inteligência privilegiada e o tino de empresário, num país onde a livre empresa é a regra, desde a sua fundação. E soube enfrentar com coragem e determinação, o câncer que o acometeu e lhe ceifou a vida. Mas, foi homem genial e obstinado, e não, santo.

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Em termos de popularização do uso de computadores pessoais e, enfim, de impacto na revolução digital, creio que o também genial Bill Gates teve importância equivalente, pois a revolução não teria ocorrido sem a criação e rápida popularização da plataforma Windows e da suíte Office – que rodava inicialmente sobre o sistema operacional DOS e podia ser instalada em qualquer computador com capacidade operacional para tanto.

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Tudo o que tenho de experiência dos produtos saídos da mente de Jobs é o uso do Quick Time, que utilizava para abrir vídeos gravados em formato
específico da Apple, muitos anos atrás. E não sinto que tenha perdido algo assim, do tipo imperdível...

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O Jobs do início de saga chegou ao ponto de posar com poses meio ridículas de efebo pop e uma maçã na mão esquerda, sinalizando bem o que pretendia com sua empresa e os seus produtos.

No fim da carreira, Jobs aparecia em público em apresentações de produtos que pareciam happenings. O símbolo da maçã aparecia num telão, em suas costas. E no lugar da maçã, colocava na mão esquerda os produtos que, enfim, tinham se transmutado no que representava simbologicamente a maçã - isto é, o símbolo pop de desejo, status e luxúria.

O que dizer? Obstinada competência!

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Um buzz sem-vergonha e despropositado, depois de ver uma foto recente de Bill Gates: terá ele instalado sobre o seu portentoso crânio uma peruca? O que acham?

Crônica de 12 de outubro (VIII) - Camisetas pretas e passaetas - o Brasil acorda.

Crônica de 12 de outubro (VIII) - Camisetas pretas e passeatas - o Brasil acorda.

Finda a tarde de 12 de outubro. Vejo na Internet e depois na televisão, matérias sobre os protestos contra a corrupção, no país – que o repórter faz questão de assinalar que foi organizado pela Internet (aquela ilusão, etc.). Agora, foram mais de 20 cidades, Brasil afora.

Mas, o que me chamou à atenção foi a composição dos participantes. Pelo menos nas imagens feitas no Rio de Janeiro, há gente de todas as faixas etárias e classes sociais. Sim, ainda existe esperança, esta flor que não esmaece enquanto não tomba o último homem!

Em Goiânia, foram quase dois mil participantes - em termos de visual, participação e comportamento, a marcha da Praça Universitária até a Praça Cívica (palco da célebre e lendária manifestação das "Diretas Já") não destoou das outras, Brasil afora.

O problema do movimento em questão: difícil não ser contaminado por bandeiras particulares ou ter sucesso, se não eleger a médio prazo alternativa de natureza política – posto que, se existe corrupção, ela tem lugar, autor e origem, deve, também, ter aqueles que devem velar pelo seu combate, nas vias isntitucionais...

De qualquer maneira, em vez de murchar ou desaparecer, o movimento só cresce, mostrando que tem substrato real e combustível para ir mais longe.

Por mim, boa parte da coisa começa pelo sistema eleitoral e acaba nos eleitores. O sistema atualmente vigente aliena o voto eleitor, pois o candidato que ele escolhe nem sempre coincide com o candidato que é declarado eleito – o palhaço Tiririca, por exemplo, levou 3 parlamentares junto com ele para Brasília, enquanto que, gente com votação próxima a 150.000 votos ficou chupando o dedo, em São Paulo.

E o eleitor, desde sempre, insiste na escolha de candidatos ineptos (analfabetos ou não, gente do mundo da mídia, religião, etc.) ou corruptos (escolarizados ou não, oriundos da política institucional – que começa lá na associação ou sindicato ou não, ou eleitos à custa de grana preta, gente do mundo da mídia, religião, etc.).

Alternativas podem ser tentadas: voto distrital, por exemplo. Mas, a coisa só muda se os “brasileiros e brasileiras”* mudarem. Aceite-se ou não, os representantes populares e o governo tem exatamente a mentalidade do eleitor que o elegeu.

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* Este era o prolixo bordão de José Sarney, nas constantes aparições televisivas, quando ainda era apenas presidente do Brasil, e era jocosamente imitado pelos humoristas de norte a sul do país.

Crônica de 12 de outubro (VII) - Zapaendo na TV e vendo Justin Bieber

Crônica de 12 de outubro (VII)- Zapaendo na TV e vendo Justin Bieber

Tarde de 12 de outubro. Feriado. Uma zapeada na TV – e vejo o compacto de um show de Justin Bieber. Faz musiquinhas românticas, exatamente como fazem a maioria absoluta dos cantores e bandas de sucesso em atividade. Suas musiquinhas se dirigem às menininhas, iguais à maioria dos cantores e bandas em atividade. Mas, quero entender porque tanto no seu pé.

Os geeks dizem ignorá-lo. Os nerds adoram odiá-lo. O resto dos militantes da Internet baixam o nível, e lhe atribuem identidade sexual inversa á indumentária. Os mais velhos, entre os 30, e 35 anos, dizem que ele é um negócio parecido com os Menudos e New Kids on the Block - pra quem não viu ou lembra... Google!.

Mas, ele tem algumas vantagens: é um fenômeno autêntico, no sentido que se projetou através da Internet, compõe musicas e as canta (sem que eu possa dizer que acho sua música e canto razoáveis). É um moleque muito bem apessoado e faz um show de... showman, numa estrutura invejável, onde se desenvolve com segurança e intimidade, inclusive dançando com competência (sem que se estabeleça qualquer comparação com gente mais competente no metiê, como era o caso de Michael Jackson, que reinava solene, durante os anos oitenta).

É um show pensado para pré-adolescentes (coisa confusa de definir em termos de faixa etária, atualmente)*. E elas se acotovelam, cantam, acenam, entram em transe, desmaiam e choram sentido por sua paixão passageira, como só uma teenager pode fazer.

Sucesso, como já se disse, é 5% de inspiração e 95% de transpiração. Pra um garoto de sua idade, sem dúvida que Bieber rala um bocado...

De qualquer forma, em alguns anos, ele será apenas lembrança. Mas, estará com a conta bancária incrivelmente cheia de dinheiro e tempo para aproveitar e multiplicar, ou fazer burradas grandes o bastante para que sua maturidade humilhe sua infância e adolescência, como já fez muita gente boa por aí.

Pela bagagem que já parece ter, poderá vir a se tornar um senhor produtordo show bizz. Ou então, um compositor de respeito, pois certamente amadurecerá.

Previsão a curto prazo? o número de corte de cabelos estilos Justin Bieber vai aumentar no país (sem que se possa imaginar que vá concorrer com o estilo moicano**, do jogador Neymar). Os moleques gostam e sabem que funciona com as meninas. Mas, declaram que o estilo é baseado nos modelos de corte de cabelos aéreos dos mangás – então, tá.

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* O projeto de lei em curso no Congresso Nacional denominado "Estatuto da Juventude" estabelece que a adoslescência (vale dizer, o direito de pagar meia entrada em cinemas, teatros e shows), se estende até os 29 (vinte e nove) anos...

** Em meados dos anos 70, o corte moicano era marca dos punks ingleses. Mas, um irmão que morou na América gosta de dizer que, por lá, pelo menos na década passada, o corte moicano era da reserva da galera fashion gay.

Crônica de 12 de outubro (VI) - o Cristo Redentor

Crônica de 12 de outubro (VI) - o Cristo Redentor

Completam-se 80 anos da inauguração da estátua do Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, que, desde então, reina imponente sobre as cercanias da baia da Guanabara. A imensa estátua foi tombada como patrimônio da humanidade.

Sua construção foi certamente um prodígio, naqueles tempos em que o Rio era uma capital de república cercada de fazendas e costumes rurais por todos os lados. Em certo sentido, sua construção, tal como aconteceu com a torre Eiffel, era um marco indicativo para o futuro do país, no sentido de devir, de modernização e riqueza.

O que me chama à atenção na estátua do Cristo Redentor é justamente sua estética, a feição da imagem que reproduz um crucifixo, as linhas retas e econômicas que lhe dão um ar sempre atual e enxuto, o rosto firme e sereno do Nazareno, cujo abraço se expande no espaço e abraça toda uma nação, pontuada pela incrustação de um coração sobre o peito – à moda do que ocorre com a suástica nas estátuas do Buda, indicando alguma concessão ao pieguismo em desfavor da simbologia, constituindo-se de qualquer forma, num traço da personalidade da nação – que, de qualquer forma, faz muitas e indesejáveis concessões em diversos planos, levado pela razão momentânea, em desfavor da razão e do futuro.

Enfim, o Cristo estabelecido sobre o morro da Urca (no meio de uma paisagem estonteante), com seu rosto firme, sereno e curvado – indicando que seu olhar alcança a cidade abaixo e além - não é só o Redentor. É carioca e brasileiro!

Na Polônia, também ergueram uma estátua ciclópica de um Cristo Coroado, que suplanta, em tamanho, o Redentor. Mas, pelas fotos que vi, ela foi erguida sobre uma colina vistosa, mas sem graça. E a estátua em questão, ao contrário da outra, me parece carente de carisma, no sentido de caráter e beleza estética.

Crônica de 12 de outubro (V) - a reluzente imagem de Tóquio na mente...

Crônica de 12 de outubro (V) - a reluzente imagem de Tóquio na mente...

Ainda é manhã – um programa qualquer na televisão. A repórter está em Tóquio. A limpa, bela e cosmopolita Tóquio. Vendo tudo o que há para apreciar pelas ruas da cidade, parece, num primeiro momento, difícil entender ou apreender a realidade que é a capital do Japão. Mas, o caso é que Tóquio, na sua multifacetada imagem é que parece ainda curiosa e decida a entender e apreender todo o mundo ocidental, mesmo que isto pareça se processar pelas manifestações mais mundanas. Não é.

Os japoneses foram de uma sabedoria admirável e corajosa na modernização de seu país, aproximando-o do ocidente, ao mesmo tempo em que preservavam sua cultura, absorvendo o que lhes parecia capital para a sobrevivência e desenvolvimento, num concerto que estabilizou politicamente o país, e depois, e lhes trouxe imensa riqueza e interpenetração com a economia mundial.

Após dura prova, seu povo, acostumado historicamente às intempéries e sacrifícios, não se mostra disposto a perder a estabilidade duramente conquistada, nem pensa – e age, para restabelecer a economia e o país.

Tóquio fervilha reluzente. Uma onda de energia de alegria criativa e laboral parece envolvê-la, dia e noite, e todo aquele movimento frenético parece ser exatamente o reflexo do ânimo do povo da cidade e do país. As pessoas que caminham rapidamente pelas ruas não parecem entender perfeitamente que a cidade está sincronizada com o futuro planetário.

O culto ao passado e antepassados permanece. Mas, ao contrário de muitas outras nações – cujo destino parece mais e, mais, se associar ao ódio aos ocidentais e isolacionismo político e cultural, não tem dúvida de seu destino, quanto ao seu papel edificante na integração cultural do mundo.

Se me perguntassem hoje que cidade gostaria de conhecer hoje, eu responderia sem pestanejar: “Tóquio!”. O meu desejo, é ver de perto a cidade que resultou de um decreto que a arremessou para o futuro e o progresso, - sendo destes uma de suas mais acabadas formas. E eu gostaria de ver o futuro – eu quero conhecer Tóquio, que se ergueu sobre a região pantanosa onde existia a lendária Edo! Ela, sim, é a expressão do mundo contemporâneo...

Crônica de 12 de outubro (IV) – chuvas de primavera sobre Goiânia.

Crônica de 12 de outubro (IV) – chuvas de primavera sobre Goiânia.

Agora está firme o tempo das águas. E é primavera. A terra parece estremecer levemente de regozijo, com as sementes inchando, abrindo e brotando em seu ventre, além da imensa variedade de anelídeos e insetos que reviram o solo superior, em busca de alimento.

O chão das praças públicas de Goiânia verdejou rapidamente. E respiramos gostosamente, com o ar húmido. Os cartuchos de flores incham, no arvoredo composto por flamboyants, guarirobas, sibipirunas, ipês rosa e amarelo, bacuris, jamelões, e palmeiras imperiais, que compõem os jardins da cidade. No meu quintal, florescem as pitangueiras e já amadurecem as primeiras cargas de frutos de duas jabuticabeiras. Além disso, vão inchando no pé uma boa carga de mexericas pokãs.

De fato, com a mudança do tempo, muda o humor da gente do centro-oeste – Aquela pressa ditada pelo tempo rude e seco se esvaiu. As pessoas parecem mais predispostas ao diálogo e à fruição do mundo ao redor, através dos sentimentos e dos sentidos.

Com a prenhez da terra, parece rebrotar em todos uma cativante energia, que enche a todos de objetivo e disposição. Caminhando aos pares pelas ruas, as moças parecem sutilmente viçosas e tesas. E os homens, sentindo a mesma contrapartida, reagem com seu humor fustigante às suas passagens, não podendo evitar os olhares lânguidos e os gracejos datados. E as crianças, com seu olhar ainda livres de idéias pré-concebidas, esquadrinham cada metro de calçada, rua e loja, sempre descobrindo um motivo para tentar arrastar os pais em alguma direção inesperada.

Somente a estrutura mal conservada das obras e equipamentos públicos parecem se ressentir da chuvarada que cai sobre a cidade. Bueiros não suportam a pressão da água, o asfalto rachado vai cedendo e sendo levado em placas, pela enchurrada, os semáforos entram em pane, as caixas dos córregos não suportam o volume da enchente e transborda, as árvores das ilhas e praças (espécies exógenas e mal escolhidas) desabam sobre os carros e, e a rede de energia elétrica entra em pane (ah, CELG, os responsáveis pelo seu estado de falência tem nome, CPF e endereço conhecido...). Mas, isto não é novidade, sendo quase uma repitação do que ocorreu em anos passados.

E não nos comovemos tanto. E vamos nos virando, no meio do caos momentâneo, estabelecido por cada chuva que cai.

Mas, o humor dos goianienses não se abala. E eles vão felizes pelas ruas, pois agora se pode sair e demorar no bordejo pelas ruas, em busca das vitrines renovadas, encher os olhos e comprar frutas de época exposta nas bancas sobre as calçadas, se deter diante das bancas de revistas, ir atrás de um pequeno conserto de objeto pessoal (enquanto ainda se encontra gente para isso), passar na lotérica para pagar umas contas e fazer uma fezinha na mega sena acumulada, assistir a um show cultural à noitinha (parabéns, prefeitura!) na calçada da Avenida Goiás ou Cine Ouro, ou mesmo, ser surpreendido pela chuva na rua e correr contente para se esconder dela, embaixo de uma marquise.

Descendo a rua 3 procurando o rumo de casa, não consigo mais me fixar na solicitação mental de meditação sobre o rumo dos meus dias, interditadas diante da imagem hipnótica da chuva sobre o parabrisa do carro e, mais adiante, a alegre imagem da cidade refletida no asfalto molhado.

Crônica de 12 de outubro (III) - A primavera egípcia...

Crônica de 12 de outubro (III) - A primavera egípcia...

12 de outubro – primavera. E passo o olho no jornal. Verifico o quanto é direcionado e infantil, o tratamento do que ocorre agora no Egito. “A primavera chegou ao oriente!”, diziam. “Os povos da regiam exigem mudanças – democracia e liberdade!”. E foi a tecnologia que possibilitou a articulação dos movimentos!”“, gritavam. Pois, é...

Foram muito poucas as vozes tiveram de dar o alerta: entre as lideranças políticas ligadas a movimentos religiosos, havia longos anos de pregação e insuflação do povo contra os governos locais, que adotavam formas seculares de organização – e o Egito era o paradigma.

O presidente dos Estados Unidos, pobre “scholar”, veio a público para saudar e incentivar a tal “primavera”, fingindo não perceber o perigo envolvido – e nesta mesma balada foram os governantes europeus, começando pelo buliçoso presidente da França – cujo país sentiu o perigo decorrente do radicalismo islâmico no ambiente interno, à frente.

No caso da Líbia, foi mais além: seu governo participou de uma articulação da ONU que ditou um cessar fogo para as forças beligerantes que só valia para o esquisito ditador Muammar Al Qhadafi – os milicianos (entre cujas lideranças pontuam jihadistas, gente incluída nas cadeias da Al Qaeda), pelo contrário, podiam seguir em frente, receberam uma senhora ajuda da OTAN - noves fora, o apoio em armas, munição e outras coisas sem as quais não se sustenta uma guerra ou conflito desta natureza.

Isso de revolução popular armada pelo smartphone e Twitter – uma fantasia bastante interessante e confortável para mentalidades rasas, mais e mais vai se explicitando, não ocorreu, pois, sabe-se que a tecnologia, envolvida era anódina, no sentido de que, por si só, ela não era capaz de ameaçar ou mudar a mentalidade de ninguém . Se tanto, ela contribuiu para o propósito final, depois de longa maturação do projeto.

Dizem os especialistas que o que valeu mesmo, foi a pregação diária da galera radical islâmica na rede de TV Al Jazira – vocês sabem, antiocidentalíssimo, sharia, jihadismo, a eliminação do Estado de Israel (dito de uma forma que, se sabe, isto quer dizer “...com os israelenses lá dentro”) e, por aí, vai...

Pois é: a estamos assistindo à tal da primavera árabe. E agora, sabemos, suas flores podem ser sangrentas e mortais. Sob os olhos tolerantes do governo estabelecido (uma junta militar), cristãos coptas começaram a ser perseguidos. Primeiro as igrejas. Depois as casas e os bens. E como ninguém disse um “a” – muito especialmente os insensíveis e covardes governos ocidentais –, partiram para tirar a vida dos cristãos, o que não pode ser considerada por menos do que um horroroso cartão de aviso do que vem, depois – e, não é o verão.

As coisas vão tomando rumos difíceis – enquanto escrevo, o noticiário de que o governo iraniano queria matar um diplomata dos Emirados Árabes (país onde os ventos primaveris sopravam com certa regularidade, se é permitida a ironia) em solo americano, através de agentes secretos associados a narcotraficantes mexicanos. Os meios dão uma ideia da mentalidade envolvida.

No horizonte de longo prazo, vai se estabelecendo uma situação desafiadora, que pode repercutir profundamente no mundo ocidental. Mas, ninguém ousa tocar especular sobre o assunto, por medo das consequências da reflexão ou, inclusive pelo medo da reação das patrulhas encravadas entre a intelectualidade, o mundo da política e, é claro, o mundo da mídia.

Considerado o conteúdo messiânico – do que decorre o expansionismo de sua fé, historicamente, os cristãos nunca foram chegados em derrubar governos. Nem de eliminar as religiões concorrentes – e menos ainda, os seus praticantes, como ocorre agora no Egito.
Mas, estão perseguindo e matando cristãos por todo o mundo – Indonésia, Turquia, Iraque e, agora, Egito – que foi outrora, um lugar seguro para os cristãos.

O papa – que é aquele, que no fim das contas, fala pelos cristãos ocidentais, mede suas palavras, a respeito. E os governantes ocidentais fingem não enxergar a retroalimentação existente entre radicalismo político e religioso, dentro deste concerto de matanças e desterros.

Oxalá o ocidente não venha a se arrepender, em breve tempo, da atitude demagógica e muito pouco responsável com os acontecimentos que se precipitam nos países árabes, no momento. Porque o futuro é resultado de escolhas...

Pra quê falar da hipotética posição do governo brasileiro a respeito? Basta dizer que a nossa diplomacia se confraterniza de uns tempos para cá, com governos perigosos iguais aos do Irã e Sudão.

Crônica de 12 de Outubro (II) - Falando do descobrimento da América.

Crônica de 12 de Outubro (II) - Falando do descobrimento da América.

12 de outubro: dia do descobrimento da América, por Colombo e sua intrépida tripulação, que, talvez num dia ensolarado e de grandes nuvens brancas no céu como é este, aportou numa ilha caribenha, movendo com destreza e muita vontade o pesado mecanismo de cordas da história, iniciando um período que levaria o mundo a um período sem precedentes – em termos de avanço político, econômico e, tecnológico que, séculos depois, traria um período de prosperidade e conforto material jamais vivido pela humanidade, antes.

O chamado descobrimento da América (isto é, a tomada do conhecimento de sua existência, depois de sua ocupação original – que, por sua vez, é objeto de outras e intensas discussões, como atesta o crânio de “Luzia”, o crânio pré-histórico de uma mulher de tipologia negra, achado em Minas Gerais, que teria vivido na região, cerca de 15.000 anos atrás) é hoje objeto de interessante debate e controvérsia, sendo aventadas as mais diferentes hipóteses quanto à sua primazia, havendo quem afirme que, antes de Colombo, a América havia sido objeto de exploração de nórdicos, chineses e até, egípcios.

Entre estes, os chineses levam vantagem no sentido de que possuíam, além da impressionante marinha, uma variada e precisa tecnologia de construção naval e navegação, do que resultou a produção de incrível cartografia, que, em algumas peças, parecem retratar perfeitamente a costa leste do continente americano (em certa carta, dom Pero Gandavo, navegador português que..., suplicava a El Rei: “...manda vir aquele mapa!”, parecendo que aludiar, no contexto da correspondência, a alguma carta marítima produzida fora da Europa).

Mas, foi Colombo, o europeu que veio para descobrir. E descobriu. E voltou e ficou. E definhou, até morrer numa ilha da Martinica – perdido entre os problemas decorrentes da ocupação do território que solicitou para si, as implicâncias do exercício do poder e seus sonhos de glória.

À diferença de outros povos civilizados (ou quase) que tiveram conhecimento da existência do continente americano, os europeus tinham um propósito a respeito e, montaram sociedades e empresas para chegar, ocupar e explorar as suas riquezas, tendo resultado tal iniciativa na mola mestra de acumulação de riquezas que acabou financiando a revolução industrial europeia.

Cabral, porém, não tinha tal alternativa, fim ou privilégio. Ele cumpria missão real. Encontrou terras ao sul do continente americano a mando do rei português, ergueu marco comprobatório de sua passagem, registrou tudo e, mandou rezar missa. Mas depois disso, como se podia deduzir do número de naus de sua frota (13), se mandou paras as Índias Orientais, em busca de coisas que faziam os olhos dos portugueses brilharem intensamente: as chamadas “especiarias”, mercadorias de altíssimo retorno financeiro, que cobririam com folga, o custo da jornada estabelecida, para si e para a coroa portuguesa, já que a terra descoberta poderia lhe render, em curto prazo, apenas o tédio da convivência com silvícolas – gente de cultura desconhecida e um modo de viver exótico e primitivo, nem um pouco palpitante, para um homem da Corte.

Com efeito, disto não destacam com clareza os livros didáticos de história: Cabral, o descobridor das terras cuja produção aurífera permitiria a reconstrução da Lisboa – destruída por um terrível terremoto e, por vias transversas, boa parte da revolução industrial ocorrida em Londres - ao contrário de Colombo, cumpriu missão real, ao descobrir a porção sul do continente americano e não manifestava qualquer interesse pessoal e objetivo pela terra que descobriu. Seu negócio era o mar, a aventura da mercancia intercontinental e o lucro decorrente e, claro, privilégios da coroa portuguesa.

Mas, ninguém põe em dúvida a coragem de Colombo e Cabral. Atravessar o Atlântico com os barcos e tecnologia de navegação de que dispunham era mesmo coisa de cabra habilidoso, tenaz e, corajoso, motivo pelo qual, suas jornadas e descobertas foram, à parte história, um feito de natureza heroica.

As caravelas usadas por Cabral parecem um tanto estranhas, meio quadradonas, aparentemente destituídas de forma bem adequada ao vencimento da força das águas e aproveitamento de ventos, se comparados com os impressionantes navios chineses existentes à época. Mas, o caso é que venciam com extraordinária competência as distâncias e desafios das viagens continentais – e, via de regra, voltavam ao porto abarrotadas de mercadorias.

Para ocupar a já chamada terra de Santa Cruz, à falta de capitais e diante do desafio (que implicava na fixação de contingente humano na costa americana), os portugueses implantaram o sistema de capitanias na costa oeste do continente sulamericano – cujos forais concediam extensões de terras era comparáveis ou maiores que o território dos países europeus.

O que sempre me chamou à atenção neste sistema foi o engenho formal e informal estabelecido, cujos feixes de forças centrípetas, com decisões políticas emanadas de um longínquo continente, associadas com a atuação do governo local, que era realmente admirável, no sentido de superação dos desafios existentes - começando pela vastidão do território e da costa - e suficiência, para impedir que as capitanias, verdadeiros centros de poder local, viessem a ser ocupadas definitivamente por forças e governos concorrentes na expansão ultramarina ou, que evoluíssem para auto-organização política e enfim, distintos Estados.

E a existência de tais estruturas de organização produtiva refletem até hoje na história do Brasil, cuja federeção se estabeleceu e vive sob a força centrípeta da União Federal, que tem alguma relação com o mesmo fenômemo, do tempo das capitanias.

Disto resultam as mais diversas distorções - e o exemplo mais claro e a constante romaria de governadores (em verdade, pouco mais do que presidentes de província) e municípios, rumo a Brasília de pires na mão, em busca de recursos que deveriam ser arrecadados por suas unidades federativas...

Crônica de 12 de outubro (I) - Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.

Crônica de 12 de outubro (I)- Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.

12 de Outubro. Feriado e dia santo para os católicos, consagrado a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. O culto da santa começou no interior de São Paulo, depois que uma imagem de Maria foi achada no leito de um rio, por pescadores – algo parecido com o que ocorreu em Trindade – GO, com uma medalha de argila, com a representação da Santíssima Trindade.

Aparecida do Norte – SP, virou o centro da fé católica brasileira, onde se ergue impressionante basílica, que vem a ser o maior templo da fé cristã, no país (mas, que, deve ser suplantada em algumas décadas pela basílica do Divino Pai Eterno, que será construída em Trindade- GO).

Por conta da importância do dia santo e da santa, o dia a ela consagrado virou feriado, num país, cuja maioria folgada era composta de católicos.

A imagem de Nossa Senhora foi encontrada no rio Pirapora era escura, como acontecia a imagens semelhantes, mundo afora. Os estudiosos de simbologia costumam classificar tais imagens de “virgens negras”, que remeteriam à ancestral figura de Astarte, deusa babilônica da agricultura e da fertilidade.

A Igreja Católica brasileira, a par da sua milenar experiência e prática, acolheu a livre associação popular da imagem, que associava sua cor ao processo de formação e miscigenação do povo brasileiro, sendo em muitas ocasiões e cultos públicos por padres e autoridades católicas de ”rainha e mãe negra do Brasil”, sob intenso aplauso dos fiéis.

Sobre o feriado, impossível não registrar que, na medida em que a fé evangélica avança, nas suas mais diversas variantes, vão crescendo os muxoxos e reparos em torno do feriado dedicado a Nossa Senhora Aparecida. Às vezes, a crítica é discreta. Outras vezes, nem tanto. E a impressão que tenho é que, mais dia, menos dia, vira quizila de natureza judicial ou política, como aconteceu com a (primeira) tentativa de remoção de símbolos religiosos de repartições públicas – quando lideranças evangélicas alegaram numa ação judicial que a simbologia era católica e, significava, de consequência, um desafio ao laicismo do Estado.

O juiz encarregado do feito, porém, sentenciou que a utilização de símbolos tinha origem histórica e cultural enraizada e, eram, de qualquer forma, símbolos cristãos que, de forma de forma alguma, podiam indicar prática contrária ao Estado laico, que está estabelecido na Constituição. E a coisa sossegou, embora não tenha ficado, à evidência, totalmente resolvida, pois não são poucos, os projetos de lei tramitando no Congresso Nacional, tratando da matéria...

Pois é, o Cristianismo impõe uma imagem solar – isto é, unipolar, masculina, e avassaladora da Divindade. Mas, como em muitas outras ocasiões e lugares, a fé popular, por seus próprios meios e formas, acaba restabelecendo sua dualidade fértil, reconstituinte e apaziguadora.

E isto indica haver uma sabedoria e força imanente, anterior e posterior ao formalismo religioso, que é capaz de suplantar e conformar até o cerne institucional das religiões, diante do que atuam as forças modais da hierarquia e sabedoria religiosa. Mas, para por aqui, porque o assunto não é de fácil discussão e o tempo anda complicado para discussões desta natureza.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Irã-ny


Irã-ny

vejam só a Irã-ny
passou na fila duas vezes --
garantiu-se com três

e depois foi na maciota
tá no governo por cota

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ruidade/Haddad - tanka

Ruindade/Haddad - Tanka

questão de ruindade -–
dá licença do seu cargo
Senhor Haddad

seu nome está na bica?
Sampa elegeu Tiririca

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

História x surrealismo, Brasil x Bulgária - o tempo não para...

História x surrealismo, Brasil x Bulgária - o tempo não para...


O mundo se transformou muito nos últimos 30 anos e, ao contrário do que se previa, o mundo não acabou. Nem a história. Nem o tempo.

Malgrado as previsões e possibilidades razoáveis, no sentido do ragnarok, russos e americanos - entre ameaças, jogos de espionagem, tretas e cagaços - acabaram mijando na espoleta dos mísseis nucleares e, tudo acabou em depósitos e silos e, complicadas conversações em torno da segurança e eliminação do espantoso arsenal de armas nucleares.

Ao contrário da hipótese aventada pelo filósofo Francis Fukuyama, que foi moda no fim dos anos 80, a história não acabou, no sentido de confronto ideológico entre o leste e oeste – tendo sucumbido apenas o regime socialista e a crença no socialismo, depois das mais variadas tentativas de implantação e a completa desmoralização do rombudo e quase ilegível arcabouço teórico que o sustentava, tendo sobrevivido o regime democrático e a livre iniciativa econômica pela simples razão de que aquele esta foi a forma de produção que se impôs, na medida em que foi o que melhor respondeu, aproveitou e explorou as possibilidades de produção e circulação de mercadorias, ancorado na garantia da livre ação individual e aquele foi se mostrando o que melhor se ajustou às necessidades de organização social e política*.

E, por mais que os cientistas tentem nos surpreender com supostas descobertas que questionam os fundamentos da teoria einsteniana (aquela que adoramos fingir que apreendemos perfeitamente e sem assombro) sobre o conceito de tempo e o que ocorre entre o infra e supra mundos da física, a verdade é que a noção de tempo preferida dos humanos é a noção de tempo histórico e emotivo - o primeiro nos dando a ilusão de que, a despeito de tudo, estamos sempre avançando, em termos de vida e civilização humana e este, que permite tudo, em termos de manipulação da história pessoal, através dos mecanismos que nos possibilitam a viajem no tempo desde a alvorada da humanidade, isto é, a memória e o desejo.

Passados pouco mais de trinta e poucos anos da queda do muro de Berlim, o Brasil é uma potência econômica emergente, tendo um invejável mercado interno e a marca de maior exportador mundial de commodities agrícolas. Mas isto só foi possível porque foi implementado um exemplar programa de controle das contas públicas e saneamento do sistema bancário, a partir do governo de Itamar Franco e até o fim da era FHC (que talvez seja o mais importante e civilizado presidente da república brasileiro do século passado)**.

O cargo de presidente da república é ocupado hoje por uma mulher, eleita pelo voto direto e secreto, que foi, tempos atrás, anistiada dos crimes praticados na juventude, na militância de grupos ditos revolucionários de esquerda - em plena ditadura militar (que era tido como governo "de direita"), cujas ações visavam justamente a implantação de uma uma outra ditadura, de natureza socialista, baseado justamente no modelo que fracassaria penosamente, apenas duas décadas depois.

E, neste momento, ela está de visita ao país onde nasceu seu pai, a Bulgária, terra de seu pai - que dizem, empreendeu fuga de lá para a América Latina - com parada final no Brasil, em circunstâncias pouco heroicas (o que não vem ao caso)***.

E pergunto: noves fora o incenso no ego da mandatária da nação e até, talvez, a elevação do orgulho da nação bulgara, qual é a necessidade ou importância de sua viagem à Bulgária? Uma resposta pode ser intuída da verificação das atuais trocas comerciais realizadas entre ambos os países.

Antes de ir à república balcânica, a presidente do Brasil - ancorada na saúde do sistema financeiro do Brasil**, tinha passado um baita pito nos presidentes europeus, declarando que as reformas que realizaram só havia servido, abro aspas, para aprofundar a crise que vai abatendo mais e mais países da União Europeia - essa gente ignorante e incompetente das Oropas, que não manja nada de economia e política!

O escritor Campos de Carvalho publicou em 1964 um interessante livro, cuja texto era vazado numa linguagem que trafegava entre o surrealismo e o dadaísmo, chamado “O púcaro búlgaro”, cujo fio condutor era a realização de uma expedição para a verificação da existência da Bulgária, cujo único indício de existência era uma vasilha, chamada púcaro.

A Bulgária real, é um país cuja história recente pode ser resumida pela diferença entre o dia em que o regime de Stalin meteu por lá suas botas (liberalidade decorrente do tratado de Yalta) e os efeitos resultantes do fim do regime imposto pelos russos, depois que Gorbachev assinou os sucessivos decretos de falência da União Soviética, do que decorreu a declaração de fracasso do comunismo.

A jocosa tese sustentada pelo autor mineiro talvez tivesse parte inspirada na verificação da absoluta nulidade política, social e econômica do país, ante o efeito centrípeto do regime de comunista russo sobre o indefeso país, algo de contorno evidentemente realmente surreal.

Se a presidente quisesse abrir os olhos, os ouvidos e os sentidos - e desde que pudesse esquecer a agenda, os compromissos e as teses equivocadas de seu partido, talvez pudesse aprender muito sobre o que foi a realidade resultante da imposição de um regime socialista ao pais onde nasceu e viveu boa parte da vida o seu pai.

Acontece que os militantes dos partidos de esquerda sabem da inviabilidade do socialismo que fingem processar. Simplesmente acontece que usam o cavalho de tróia do socialismo de butique para conquistar o que verdadeiramente querem - dinheiro e poder ilimitado e mais alguma coisa!

Voltando ao escritor mineiro, fico imaginando, sua reação, se estivesse vivo e pudesse acompanhar a visita da presidente deste surpreendente Brasil à atual (e ainda inexpressiva) Bulgária.
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Um evento assim merecia uma cobertura adequada. Cadê o repórter Borat?****
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* Vale dizer: a livre-iniciativa nunca foi seriamente contrastada, em termos de forma exercício da liberdade individual e forma de produzir e fazer circular riquezas. Os regimes ditos socialistas, pelo contrário, é que tentavam implementar uma suposta forma socialista de produção - da qual estava eliminada a possibilidade de seu exercício como forma de expressão da liberdade individual, suprimida em favor dos suspostos interesses coletivos. E deu no que deu...

Aparentemente, aquele fatalismo que Marx afirmava em relação ao socialismo como estágio final do desenvolvimento político e social da humanidade, por incrível que pareça, vai militando em favor da livre iniciativa, umbilicalmente ligada à democracia representativa.

Só aparência. Na mesma medida em que se multiplicam os acordos para incremento de parcerias regionais voltadas para a produção e circulação de mercadorias e riquezas entre países de determinadas regiões (o que, sob certos aspectos, serve como forma de medida da insersão dos países e economias envolvidas no mercado internacional), vão se alastrando os mecanismos destinados ao controle da produção, sendo que muitos desses mecanismos de controle não passam da imposição de exigências ditadas por determinadas bandeiras ideológicas - conservacionistas, classistas, regionalistas e outros, que são pouco mais que uma forma esperta de obstacularizar ou encarecer a produção de bens de consumo.

E isto é um evidente resultado do fracasso do ideário socialista, cujos orfãos se aproveitaram de suas instituições e práticas para levar avante "esquerdismo" - espécie de ideologia que defende o coitadismo em todas as suas variantes, mediante a setorização política que hoje conhecemos.

De qualquer forma, uma provocação: se existe algo regime de produção melhor do que o capitalismo, nós temos o direito de conhecê-lo. Ou, como disse Churchil, a respeito da democracia representativa: "É o pior regime conhecido, com exceção de todos os outros".

** Querem ver a reação da imprensa a soldo sobre este inegável fato do passado do pai da presidente da república? Visite este link:

http://www.planetaosasco.com/oeste/index.php?/2011100522705/Nosso-pais/correspondente-do-globo-ataca-pai-da-dilma-mas-poupa-a-mae.html

*** Na época da realização do saneamento do sistema bancário brasileiro, cujo processo anda muito lembrado na Europa, neste momento de crise, o Partido dos Trabalhadores moveu todas as suas baterias (isto é, sua estrutura partidária e as instituições aparelhadas - partidos caudatórios, sindicatos, universidades, imprensa a soldo, imprensa "a favor", etc.) contra o presidente da república, chegando mesmo a pedir o seu impeachment, por tal motivo. No dia em que as medidas foram votadas no Congresso Nacional, inclusive, humilhavam aos parlamentares da base governista, atirando-lhes moedas de 1 centavo, para caracterizá-los como vendidos ou vendilhões da pátria.

Mas, foi justamente o saneamento do sistema bancário brasileiro promovida por Fernando Henrique Cardoso que salvou o país de sacrifícios e quebradeiras, nas três crises financeiras planetárias que se sucederam. A decantada saúde financeira do sistema financeiro e bancário vem justamente da adoção de medidas que foram criticadas pela nomenclatura do partido político que hoje governa o Brasil...

Enfim: a presidente da república bate no peito por motivo para o qual seu partido e os governos petistas nunca concorreram.

Mas, a despeito do aspecto surreal e um tanto grotesco, isto também é história!...

**** Sim, eu sei: o personagem Borat tinha como origem um paiseco do leste europeu. Mas, eu pensava em termos de estilo...