domingo, 24 de abril de 2011

Assombração (I) - Zorra e visão do capeta...

Assombração (I) - Zorra e o capeta...

No interior do Brasil, ainda hoje é comum classificar todas as coisas sobrenaturais e do além numa categoria comum, chamada de "assombração".

Asssombração, pois, é designação para um tipo de manifestações, que incluem fatos e situações inexplicáveis, as chamadas "aparições" de pessoas mortas, animais e coisas, acontecimentos e fatos inusitados e com tintas de coisa sobrenatural ou vinculação fatalista com acontecimentos preliminares, e o encontro com figuras de natureza estranha ou demoníacas - muitas delas, vinculadas ao folclore ou à mitologia religiosa.

É uma variada gama de (supostas) manifestações, que, muito embora não tenha a notoriedade gótica dos castelos e vilas européias (e já me vem à memória a famosa história do fantasma do castelo de Canteburry), mas a variação de suas manifestações e publicidade entre o povo do interior, remontando e estando vinculada à saga da lenta e custosa ocupação do sertão brasileiro.

No dia de Ano Novo, muita gente veio à casa de meu pai para visita e cumprimentos, entre parentes e amigos. Pela tarde, formou-se uma roda de parentes e amigos, na varanda da casa, e a conversa ia animada e alongada. Num certo momento, chegou um conhecido da família conhecido pela prosa e por divertidas histórias de personagens da região. Não demorou e, meu irmão lhe pediu que contasse alguma história do Zorra (Zórra - e, não me perguntem por quê), cabloco interessante da região do córrego São Domingos*.

O visitante contou a história de um baile na região do Santo Antônio - no lado oposto do rio Turvo, em que Zorra e um amigo foram, em busca de diversão.

Chegando ao baile, que era animado na base da sanfona, pandeiro e violão, trataram de se divertir e tirar as mulheres presentes para dançar. Como não haviam muitas, se dirigiram para uma mesa do canto, onde duas senhoras estavam sentadas e as convidaram para dançar. Mas, as tais senhoras, muito educadamente, informaram que eram casadas e, não podiam aceitar o convite.

Foi então, má idéia, que os dois cabras, já meio animados por uns fartos goles de pinga, resolveram invocar um antigo e abastado costume sertanejo, informando a elas que, se não dançassem com eles, não dançariam com ninguém. Aí, já viram, as mulheres se sentiram indignadas, contaram história para migos e parentes e, estes vieram dar-lhes um chega-para-lá.

Zorra e o amigo sairam corridos do baile, com uma penca de sujeitos atrás, querendo tirar satisfação. E trataram de entrar no cerrado, para alcançar o baixadão do rio Turvo. Mas naquele terreno difícil perceberam a aproximação dos perseguidores e fortes estalidos no ar. É claro que não perdiam tempo em verificar o que era o tal estalido, que alguém do lugar perceberia facilmente que era o estalar de uma pinhola (espécie de chicote longo e sem cabo,feito de couro de boi, usado pelos vaqueiros, para conduzir o gado)...

Depois de atravessar a mata ciliar do rio, entraram sem pensar na água e chagaram à outra margem mais abaixo, enquanto ouviam os gritos e os estalidos de pinhola bem próximo de suas costas. Todavia, depois da mata do barranco do outro lado, tinha um baixio empatanado, vazante preenchida na última enchente. Mas, pensavam eles, não havia o que fazer, e entraram dentro do chavascal, só pensando em salvar a pele.

E aí, como moravam em direçõe diferentes, cada um dos amigos foi para um lado - e a pinhola estalando, lá atrás. Zorra se esforçava: onde dava para nadar, nadava. Onde não dava, se arrastava, agarrando o capim e, onde estava mais firme e raso, andava para não jogar os bofes pela boca afora.

Em certa altura, porém, certamente movido pela mistura do medo, agitação e as pingas na cuca, Zorra voltou os olhos para um ponto do pântano, no meio de moitas de arbustos e viu imediatamente uma coisa estranhíssima, gigantesca, com braços pernas e tudo, mas com a cabeça cheia de galhos e folhas e, logo notou que a coisa começou a se movimentar e vir para o seu lado. Nesta hora, tomado pelo pavor, já esquecido do motivo inicial de sua correria, esforçou-se ainda mais para alcançar o chão seco e chegar à segurança do lar, enquanto ouvia ainda grito, estalidos de chicote e, via, olhando para trás, que o tal ser avançava vigorosamente pelo pântano, silencioso, decido e solene, indiferente à dificuldade de movimentação por ali.

De repente, chegou ao pasto e logo viu a cerca de divisa de terras, onde megulhou entre os fios de arame farpado, para, poucos segundos depois, chegar à varanda da casa, arfando e bufando feito um doido, com um braço e as costelas sagrando. Dona Fia, esposa do dona da terra, havia escutado a latumia e abriu a porta, para ver o que acontecia. Quando viu o rosto apavorado e molhado de suor do rapaz e braço e camisas ensanguentados, perguntou:
- Mas o quê que é isso, Zorra? Parece que ocê viu o capeta!...

E ele, engolindo golfadas de ar, respondeu:

- Dona Fia, se aquele trem que tava me seguino ali atrás não for o capeta, nada é!...

* No interior do Estado de Goiás, os nomes das regiões de um município são geralmente estabelecidas pelos nomes de córregos, rios, morros, montanhas, vegetação típica ou mais notada ou, ainda, por algum nome curioso, vinculado a algum personagem ou fato relativo à origem do lugar. Exemplo: (córrego de) São Domingos, (córrego da) Água Branca das Morangas, Córrego Azul, (baixada da) Muriçoca, (povoado do) Quebra-Coco, (terras devolutas do) Monjolo Velho, (região do) Queixada, (terras dos) Patrícios, Morro do Chapéu, (morro da) Abelha, (alto da) Taboca, (capela de) Santo Antônio e, assim vai.

O dono do "Bazar do Waldomiro" e a duplinha sertaneja iniciante...

O dono do "Bazar do Waldomiro" e a duplinha sertaneja iniciante...

É lugar comum, dizer que Waldomiro Bariani Ortêncio, paulista de nascimento e, goiano por afetividade, é hoje uma das sumidades intelectuais do estado de Goiás.

Em sua interessante biografia, encontram-se a adolescência no setor de campinas (onde o pai se estabeleceu e, tinha uma serraria), a passagem pelo time do Atlético Esporte Clebe, a carreira de empresário, que começou com uma loja que acabou virando uma cadeia de loja de discos - o famoso Bazar Paulistinha - espalhada, por Goiânia e, Brasília, a experiência de radialista na Rádio Clube de Goiânia, a experiência como compositor e, depois, a consagração como uma figura proeminente, dedicada à literatura, como escritor, filólogo, e pesquisador.

A importância dele no mercado regional de gravações, pode ser medida pela sua citação, em gravações de músicas do homem do campo. Conheço pelo menos duas músicas sertanejas que fazem referência à sua figura: "Pagode em Brasília", cantada pela dupla Tião Carreiro e Pardinho - e, talvez uma das peças mais famosas e, divulgadas de seu repertório e, "Saudades de Goiás", cantadas pela dupla Belmonte e Amaraí.

Na primeira, da autoria de Teddy Vieira e Lourival dos Santos, os versos de referência são estes": "No estado de Goiás meu pagode está mandando/ O bazar do Vardomiro em Brasília é o soberano/ No repique da viola balancei o chão goiano/Vou fazer a retirada e despedir dos paulistano/ Adeus que eu já vou me embora que Goiás tá me chamando.", referência explícita à pioneira abertura de uma filial do "Bazar Paulistina" na capital federal.

Na outra referência, dizem as duas primeiras estrofes da belíssima canção composta por Goiá e Zilo: "Goiás é saudade em tudo que falo/ Às vezes me calo por essa razão/ Mas o Valdomiro Bariani Ortêncio/
Rompeu o silêncio do meu coração/ Porque em seu livro “Sertão Sem Fim”/ Mandou para mim recordação. Em seus personagens eu vi os goianos/ Que há quase dez anos não posso mais ver/ A grande saudade bateu em meu peito/ Não tive outro jeito se não escrever/ Humilde mensagem á terra querida/ Que nunca na vida irei esquecer."

A referência da segunda peça musical, não carece de muitos comentários, pois se refere já ao tempo em que ele mergulhou com êxito no mundo da literatura, falando de um romance publicado pela editora UFG, que o consagrou.

A primeira referência talvez seja interessante, pelo fato de que fala do período anterior, quando era um empresário que se dedicava ao comércio de discos, na região do centro-oeste do Brasil (do que decorria o profundo respeito e relacionamento com a turma da música sertaneja).

Eu, por exemplo, só soube da verdadeira importância e influência de Waldomiro Bariani Ortêncio no ramo, depois de ouvir umas histórias contadas pelo Dalmi, remanescente da dupla Sinval e Dalmi e, que é um membro da Orquestra de Violeiros do Estado de Goiás, atestando o quanto a formação do mercado de música sertaneja regional deve-se à atuação dele no mercado e, na sua vontade de colaborar com os músicos iniciantes.

Disse ele, que bastava uma dupla levar um cartão de recomendação do0" Waldomiro" para São Paulo, que as gravadoras, confiando no seu tino e faro, chamavam as duplas sertanejas para gravação.

E aí me contou uma história muito engraçada, sobre o começo da carreira da sua dupla.

Depois de mudar-se para Goiânia, encontrar o parceiro ideal, afinar as vozes e execução dos instrumentos (sanfona e violão) e, prepapar um repertório para gravação do primeiro disco, Dalmi foi até o Bazar Paulistinha da Avenida 24 de Outubro pedir ao influente empresário que desse uma força, recomendando os dois, para a gravação do primeiro e sonhado disco - o Sinval, segundo ele me disse, era meio tímido para essas coisas, só indo mesmo ao Bazar para flertar com a bonita e simpática gerente.

Depois de alguma exitação, Bariani deu um cartão a Dalmi, que tinha o seguinte e, breve texto, no verso: "Ao fulano da gravadora tal: ouça a dupla e, se puder, grave".

Pegaram o cartão e, se mandaram para São Paulo, levando na mala o repertório de músicas de "dor de cotovelo - muito em moda, na época", para exibir e, acabaram voltando com a notícia do disco gravado.

Chegando em Goiânia, Dalmi caprichou no penteado e no visual e, bateu para o Bazar Paulistinha com uma "prova" do disco debaixo do braço, onde pediu pra colocar para tocar. Daí, abordou o Bariani, inquirindo-o, com o seu sotaque interiano: "Hein?, Wardumiro, quantos discos da nossa dupla cê vai pedir pra gravadora, pra ajudar?"

Bariani, não devia estar num bom dia, e só respondeu: "Eu? Esse disco aí? Não vou pedir cópia nenhuma..."

Que situação aquela. Depois de lutar para gravar o disco sonhado, a dupla não teria como vender o disco gravado, nem ter a divulgação da principal loja de discos de região centro-oeste.

Mas, passandos uns dias, Dalmi descobriu que um outro empresário estava abrindo uma loja de discos bem em frente ao mercadinho central da campininha, levou a "prova (uma cópia rudimentar, do disco)" para tocar e, logo, algumas pessoas pararam na porta, perguntando de quem era a música que tocava. E o tal empresário pediu uma remessa de 50 discos da gravadora - mas, o disco de "prova" teve que ficar, para a promoção.

Quando a encomenda chegou na loja, os discos foram vendidos em uma semana. E uma nova encomenda de mais 200 unidades foi feita.

Logo, uma das faixas já estava sendo executado pelas rádios de Goiânia, nos programas sertanejos.

Dias depois, Sinval e Dalmi, satisfeitos da vida, foram até o Bazar Paulistinha, que era um lugar onde o pessoal do mundo da música ia, para saber das novidades e, bater um papo. Na chegada, Sinval já bateu o umbigo no balcão, para prosear com a gerente e, ela virou-se imediatamente para o dono do estabelecimento, dizendo:

" - Ô seu Waldomiro, como é que faz? O povo não para de procurar o disco dos meninos aqui e, uma das músicas "tal não para de tocar nas rádios..."

E ele, respondeu, ríspido: "Ah, tá bom, tá bom! pede duzentas cópias desse disco aí!" E, encerrou o assunto.

Mais de quarenta anos depois de acontecido o fato, me contou o Dalmi que havia encontrado o amigo Bariani Ortêncio e, ele o havia convidado para a festa de seus 70 anos, exigindo, entretanto, que ele ooutro levasse o acordeon, para animação da festa.

No meio de uma conversa, falando da vida, das coisas passadas e do tempo que transcorreu, Dalmi recordou essa história para Bariani, que, diz ele, ficou meio sem jeito e, respondeu:

"- Não Dalmi! Eu não fiz isso com sua dupla, não..."

E Dalmi, rindo, confiando na cumplicidade de quem se tornara admirador e amigo, confirmou:

"- Fez. Fez, sim!..."
............................
Depois de ouvir essa história, fiquei aqui pensando quantas histórias e informações interessantes devem haver resultantes dos relacionamentos e amizades deste grande escritor com o mundo da música sertaneja, e com os seus bandeirantes...

Escola Pública brasileira: o retumbante fracasso

Escola Pública brasileira: o retumbante fracasso demonstrado numa prestigiada pesquisa internacional

Uma pesquisa internacional ré-cem divulgada, que foi realizada pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), exibe mais um vexame no Brasil, quanto à oferta de ensino escolar.

Num ranking de 65 países, o Brasil ficou foi classificado num vergonhoso 53º lugar, abaixo de países como a Romênia, a Tailândia e o Uruguai.*

E permeando a pesquisa, a constatação inegável de que disparou, o índice de qualidade do ensino ofertado pelas escolas públicas e, as escolas particulares, no ensino brasileiro.

Nos últimos 8 anos de governo, não se ouviu falar em menos do que numa revolução no ensino público, de parte do governo federal. O que ocorreu, entrentanto, foi só um retumbante e previsível fracasso na iniciativa governamental.

Mas, deixemos de falar da culpa e, falemos das vítimas do fracasso em questão, que foi justamente a clientela escolar oriunda das classes sociais mais baixas, maioria absoluta dos frequentadores da escola ofertada pelos governos das três esferas da federação.

Sim, eles mesmos, os "beneficiários" de uma educação supostamente inclusiva, é que são as vítimas do fracasso, e tem os seus horizontes de expansão pessoal e econômico - o que muita gente diz ser a tal da "inclusão social" -, irremediavelmente comprometido, malgrado a criação dos mais diversos e peversos mecanismos de disfarce do fracasso do ensino público, tais como as tais de cotas sociais e raciais e, manipulações extremas e ridículas das formas de avaliação oficiais - entre elas, o escandaloso e, inoperante Exame Nacianal de Ensino Médio - ENEM, onde a capacidade de raciocínio e, deducação dos alunos foi substituída em boa parte, pela capacidade de associação (que só serve para avaliar o conhecimento de crianças do pré-escolar)...

Mas, pelos resultados, podemos resumir: a tal da educação inclusiva é um penoso, caro e ineficiente processo que, ao final, só consegue promover a exclusão. É uma dessas coisas nossas, das quais, dizem, devemos nos orgulhar, assim como o bandido "coitado" que gosta rifle AR-15 e matanças por atacado, do político que "rouba, mas faz - ou que rouba, não faz, mas é do tipo gente como a gente" e, evidentemente, a joboticaba.

Minha esposa é professora da rede oficial de ensino. Mas, na hora de decidir sobre o futuro de nossos filhos, resolvemos nos sacrificar e, colocá-los em escolas pagas, sabendo que esta era a única vantagem que podía-mos oferecer a eles, em relação ao futuro. Na Escola onde trabalha, ela sofreu muitas e duras críticas por conta de tal dedisão.

Mas, não nos arrependemos: na escola em que nossos filhos estudam, tudo começa num contrato, passa pela regularidade das aulas e, finaliza na cobrança de resultados pela escola, de parte de meus filhos e, de nós, em relação à proposta educacional e do resultado do ensino aplicado aos nossos filhos, pelas escolas contratadas. É o bastante para que se desenvolvam bem…

Na escola pública, tudo começa com um compromisso constitucional com a educação gratuíta e, de qualidade, sustentada com o dinheiro dos impostos. Seria o bastante para a existência de uma escola de primeira categoria, se a clientela e, os contribuintes se unissem em torno da defesa do direito em questão. Mas…

No ensino regular oficial, vigora uma política abrigada no selo da “inclusão social”, que serve para justificar o oportunismo, a omissão, o “coitadismo” e, os mais diferentes interesses - que destoam do objetivo principal, que é ofertar escola de boa qualidade, mediante as condições adequadas.

O clima de uma classe de aula de uma escola pública é difícil de descrever. Mas, o que se passa ali, não tem nada a ver com ensino. É uma degladiação estúpida e constante entre o professor e os alunos, que entram para a sala de aula em trajes pra lá de sumários, munidos de MP3, celulares, câmeras digitais, camisas de clubes esportivos e, outras traquitanas.

Entrementes a guerra pelo controle da situação, o professor vai presenciando cenas de agressão física e verbal, assédio moral, assédio sexual, e tráfico de drogas, além da diuturna e humilhante rotina de atitudes de desprezo do ensino ofertado, destruição da estrutura física da Escola e, muito especialmente da humilhação, em relação a si e sua profissão - isto, para não falar das ameaças claras ou veladas à sua integridade física ou vida!

Como é que um de nós de sentiria num ambiente assim, tentando realizar na prática, a missão de ensinar, ou como requer a linguagem dos profissionais da área, de "promover e medear a atividade de aprendizado dos alunos"?

Entendo que o governo tem a obrigação de ofertar ensino de qualidade e gratuíto - o que, por sí só, já traz como pre-requisito, políticos de coragem e responsabilidade. Mas, considerando a responsabilidade, a finalidade e, os custos envolvidos, tem o dever de exigir as contrapartidas. Do staff da educação, deve exijir um projeto simples, eficiente e viável de ensino. Dos professores, o compromisso com a sua formação, com sua unidade escolar, e com o comparecimento diário à sala de aula. E dos alunos, bem longe da irresponsabilidade e selvageria vigente entre eles, um comportamento social minimamente aceitável, cuja imposição deve começar na matrícula assinada pelos pais e, deve passar, fatalmente pelo controles disciplinares e, corajosa, efetiva e contínua aferição de seu aprendizado.

Se os técnicos da Escola Pública quiserem um exemplo em que se mirar, basta ir na primeira esquina onde estiver instalada uma escola dita “particular (que já chegaram aos bairros mais pobres e, distantes)”. Nelas, os exemplos de práticas simples, rápidas e, eficientes não faltam - e começam logo no portão da escola, onde, invariavelmente, se inicia a submissão do aluno que aceita as regras de comportamento e convivência local, que se estende por todo os locais e, departamentos da unidade de ensino.

O contrário disso é seguir no exemplo irresponsável e manjado, para o qual sobram especialistas, todos devidamente titulados como mestres e doutores naquela especialidade que o sociólogo, professor e, presidente da república Fernando Henrique Cardoso chamou certa vez de...

...FRACASSOMANIA!

Pois, é... Agora, me acompanhe leitor: as autoridades de todas as áreas instituicionais e governamentais adquiriram o estranho tique de concluir sempre e, em todas as situações que o indivíduo que chamam de "hipossuficiente econômico" é também é uma pedra bruta, incapaz de assimilar valores familiares, sociais e, morais - o que você e eu sabemos, é um raciocínio covarde, caviloso e condenável.

Disto concluem, mais além, que, por isto mesmo, a par da garantia de direitos constitucionais e previsões legais e regulamentares, só existe uma maneira de contemporizar estas com o status mental daqueles: dando-lhes um tratamento diferente e licencioso, de modo que possam expressar à sua maneira, aquilo que é de seu suposto direito, dentro de uma esfera de "negociação social (que não raro, margeia longamente o que de bom senso, aceitável moralmente e, no limite, tolerável, à vista da Lei)".

É um caminho aparentemente confortável, onde a autoridade finge agir e, o beneficiário, embarca na canoa furada das licenciosidades sociologicamente justificadas, abrindo mão, em troca de tudo o que é verdadeiramente de seu direito e, importa, para a sua progressão como indivíduo, pessoa, cidadão e, profissional.

Isto se explica bem, dentro daquele famoso adágio popular: "me engana, que eu gosto!".

Qual o futuro de políticas assim? Qual é o futuro de uma sociedade que vai se sedimentando em torno de valores e práticas assim?
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Em 09.12.2010: e esta, agora? O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão do governo federal, publica os dados de uma pesquisa feita em todo o território nacional demonstrando que, preste atenção, leitor, o Brasil tem, atualmente, nada menos que 14 milhões de analfabetos. Isto mesmo, a despeito da intensa propaganda em torno do programa "Alfabetização Solidária", implantado no mandato passado do atual presidente da república, à situação do ensino caótico, soma-se o fracasso do governo, na promoção da alfabetização daquela parte da população que deixou ou nunca entrou numa sala de aula.

Mas, convenhamos: com um sujeito que se jacta de ser semi-alfabetizado ocupando a presidência da república, a prioridade, num caso assim, é me$mo para a propaganda...**

O problema é que o analfabetismo, além de se constituir numa vergonhosa confissão de incompetência para a gestão da política educacional do país e enfretamento do problema pelo governo, também se constitui num perverso critério de desvalorização da mão-de-obra analfabeta. Segundo noticia o UOL, 93% dos analfabetos ganham menos de... 2 salários mínimos.***

* Os links:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/avaliacao-internacional-expoe-avanco-lento-e-nivel-baixo-da-educacao-do-pais/

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pisa-cresce-a-diferenca-entre-as-escolas-publicas-e-privadas/

** Veja a notícia completa aqui:

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/cai-o-analfabetismo-mas-cresce-o-numero-de-analfabetos-funcionais-no-brasil

***Confira:

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/12/09/ipea-93-dos-analfabetos-ganham-ate-dois-salarios-minimos.jhtm

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fidel está morto - mas, admite agora remorrer...

[img]http://img17.imageshack.us/img17/2091/fidelzumbi.jpg[/img]

Fidel está morto - mas, admite agora remorrer...

Fidel está morto. E pelo jeito, não quer mais fingir que vive.

O velho zumbi parece ter encerrado, enfim, a resistência à visita da indesejada das gentes e já admite remorrer.

Um ser humano morre quando deixa ou não pode mais respirar. Um homem morre quando perde sua humanidade. Mas, certos tipos - cuja personalidade se define por idéias autoritárias, ações violentas, objetivos egocêntricos e, finalidades torpes, somente se transformam em zumbis - para desespero da natureza, e tristesa e castigo de muita gente.

Castro foi por aí, confundiu seu ser e sua vida com a idolatria senil e as praxis obtusas do marxismo, que, ante o retumbante fracasso, o deixou viúvo, entregue àquilo que estava no fundo de sua alma, isto é, a sanha pelo poder a qualquer custo, tendo, por isso, se trasformado num morto vivente e muito esperto.

Igual a muitos outros chefes de regime comunistas, ele quer se reestinguir exigindo homenagens sem fim e respeito pelo restrospecto de destruição da economia e dos mínimos traços de civilidade, além dos assassinatos em massa, prisões arbitrárias, abuso de poder, corrupção e toda a sorte de desgraças causadas em seu país.

Castro nada teme, agora que reiventou seu destino, pois sabe que um outro zumbi de sua gerontocracia está a postos, para continuar a impingir um governo ditatorial sobre Cuba - ainda que pelo suposto prazo limitado por 10 anos (conforme as decisões de uma convenção do PC cubano), quando deverá também remorrer por decreto.

E não falta quem perpetue a memória e ressalte os feitos do morto, mundo afora. No Brasil, por exemplo, deve haver mais defensores e simpatizantes do roto Fidel e seu governo ditatorial e assassino do que habitantes em Havana. Dependendo desta gente, Fidel está eternizado e já a caminho da canonização.

Mas, Fidel está mesmo morto. E a gerontocracia dos Castro definha, depois de ter extenuado a economia, o Direito e as vidas dos cubanos.

A esperança, porém é um sentimento resistente e quase inexplicável. E a resistência humana, algo além da razão e do sacrifício.

Todavia, imagino o desafio que é viver numa ilha assombrada e governada por gente historicamente morta!

A blogueira Yoani Sanchez, por exemplo, sabe muito bem o que é isso, conforme pode-se ver da leitura de seus fantásticos textos, em http://www.desdecuba.com/generaciony/

Fidel já não recusa remorrer, embora exija preitos, homenagens, funeral de herói e panteão - porque todo o resto do que há em Cuba e serve à esperança e à vida, já não lhe pode servir ou ser objetivado.

Logo, logo, Raul o seguirá. E outros, e outros...

Enquanto isso, as flores, que só sabem de nascer e definhar, brotam insuspeitas entre jardins, gretas de muros e terrenos baldios de Habana Vieja...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Memorial da chuva - 09 haicais

Memorial da chuva - 09 haicais

01. fresta na janela --
um ruído impresisonante
chuva no bananal

02. chuva à tardinha
o fio de água das goteiras
feito bailarinas

03. início de outono
levando as folhas do ipê
o vento e a chuva

04. muda, estaca
e a mágica do tempo --
uma orquídea

05. o que buscará
entre jornais e papéis
esta formiguinha?

06. longa noite
de francas memórias --
dois grilos cantam

07. o amigo da foto
por onde andará agora?
outro dia finda

08. nada deste mundo
só o mundo desta casa
enquanto chover

09. cadelas medrosas
deitadas na porta da sala --
chuva de verão

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