quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Crônica de 12 de outubro (III) - A primavera egípcia...

Crônica de 12 de outubro (III) - A primavera egípcia...

12 de outubro – primavera. E passo o olho no jornal. Verifico o quanto é direcionado e infantil, o tratamento do que ocorre agora no Egito. “A primavera chegou ao oriente!”, diziam. “Os povos da regiam exigem mudanças – democracia e liberdade!”. E foi a tecnologia que possibilitou a articulação dos movimentos!”“, gritavam. Pois, é...

Foram muito poucas as vozes tiveram de dar o alerta: entre as lideranças políticas ligadas a movimentos religiosos, havia longos anos de pregação e insuflação do povo contra os governos locais, que adotavam formas seculares de organização – e o Egito era o paradigma.

O presidente dos Estados Unidos, pobre “scholar”, veio a público para saudar e incentivar a tal “primavera”, fingindo não perceber o perigo envolvido – e nesta mesma balada foram os governantes europeus, começando pelo buliçoso presidente da França – cujo país sentiu o perigo decorrente do radicalismo islâmico no ambiente interno, à frente.

No caso da Líbia, foi mais além: seu governo participou de uma articulação da ONU que ditou um cessar fogo para as forças beligerantes que só valia para o esquisito ditador Muammar Al Qhadafi – os milicianos (entre cujas lideranças pontuam jihadistas, gente incluída nas cadeias da Al Qaeda), pelo contrário, podiam seguir em frente, receberam uma senhora ajuda da OTAN - noves fora, o apoio em armas, munição e outras coisas sem as quais não se sustenta uma guerra ou conflito desta natureza.

Isso de revolução popular armada pelo smartphone e Twitter – uma fantasia bastante interessante e confortável para mentalidades rasas, mais e mais vai se explicitando, não ocorreu, pois, sabe-se que a tecnologia, envolvida era anódina, no sentido de que, por si só, ela não era capaz de ameaçar ou mudar a mentalidade de ninguém . Se tanto, ela contribuiu para o propósito final, depois de longa maturação do projeto.

Dizem os especialistas que o que valeu mesmo, foi a pregação diária da galera radical islâmica na rede de TV Al Jazira – vocês sabem, antiocidentalíssimo, sharia, jihadismo, a eliminação do Estado de Israel (dito de uma forma que, se sabe, isto quer dizer “...com os israelenses lá dentro”) e, por aí, vai...

Pois é: a estamos assistindo à tal da primavera árabe. E agora, sabemos, suas flores podem ser sangrentas e mortais. Sob os olhos tolerantes do governo estabelecido (uma junta militar), cristãos coptas começaram a ser perseguidos. Primeiro as igrejas. Depois as casas e os bens. E como ninguém disse um “a” – muito especialmente os insensíveis e covardes governos ocidentais –, partiram para tirar a vida dos cristãos, o que não pode ser considerada por menos do que um horroroso cartão de aviso do que vem, depois – e, não é o verão.

As coisas vão tomando rumos difíceis – enquanto escrevo, o noticiário de que o governo iraniano queria matar um diplomata dos Emirados Árabes (país onde os ventos primaveris sopravam com certa regularidade, se é permitida a ironia) em solo americano, através de agentes secretos associados a narcotraficantes mexicanos. Os meios dão uma ideia da mentalidade envolvida.

No horizonte de longo prazo, vai se estabelecendo uma situação desafiadora, que pode repercutir profundamente no mundo ocidental. Mas, ninguém ousa tocar especular sobre o assunto, por medo das consequências da reflexão ou, inclusive pelo medo da reação das patrulhas encravadas entre a intelectualidade, o mundo da política e, é claro, o mundo da mídia.

Considerado o conteúdo messiânico – do que decorre o expansionismo de sua fé, historicamente, os cristãos nunca foram chegados em derrubar governos. Nem de eliminar as religiões concorrentes – e menos ainda, os seus praticantes, como ocorre agora no Egito.
Mas, estão perseguindo e matando cristãos por todo o mundo – Indonésia, Turquia, Iraque e, agora, Egito – que foi outrora, um lugar seguro para os cristãos.

O papa – que é aquele, que no fim das contas, fala pelos cristãos ocidentais, mede suas palavras, a respeito. E os governantes ocidentais fingem não enxergar a retroalimentação existente entre radicalismo político e religioso, dentro deste concerto de matanças e desterros.

Oxalá o ocidente não venha a se arrepender, em breve tempo, da atitude demagógica e muito pouco responsável com os acontecimentos que se precipitam nos países árabes, no momento. Porque o futuro é resultado de escolhas...

Pra quê falar da hipotética posição do governo brasileiro a respeito? Basta dizer que a nossa diplomacia se confraterniza de uns tempos para cá, com governos perigosos iguais aos do Irã e Sudão.

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